quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os Primórdios da Marvel Comics



Crônicas de um marvete Marvado

Um Deus Entre Mortais

Os títulos de super-heróis da Editora estavam vendendo cada vez mais, então Martin Goodman encomendou a sua equipe criativa o lançamento de Super-Heróis para ocuparem as páginas de seus títulos de Mistério, Terror, Suspense e SCi-fi, para aumentarem também as vendas dessas hqs, O que foi feito com o lançamento de Homem-aranha nas páginas da última edição de Amazing Fantasy #15 de agosto de 1962 e com Thor, o Deus do trovão, que estreiou em Jorney into Mistery #83 no mesmo mês e ano, tendo como equipe criativa Stan Lee e Jack Kirby . Porém esse personagem não teve a sua origem bem acabada e nem seu nicho de histórias definido. Isso só seria resolvido posteriormente. 

                                            Journey into Mistery # 83 - Thor enfrentando uma invasão alienígena.

Em sua primeira aparição temos a história de como o médico norte-americano Donald Blake encontrou o cajado que o trasnsformaria no Deus Nórdico do Trovão durante uma invasão alienígena na Noruega (Essa uma novidade, pois até então as invasões eram só nos EUA). Ou seja, mesmo o personagem sendo mitológico, essa camada importante do Universo Marvel só seria melhor trabalhada mais a frente.
Dois pontos devemos considerar nas duas primeiras histórias do "Deus do Trovão": a primeira é a coragem de seus criadores Lee e Kirby em utilizar um personagem com alguma conotação religiosa, lembrando que ambos artistas são judeus e mudaram seus nomes pra terem aceitação no mercado, e utilizar um personagem com uma deficiência física, o primeiro de outros que viriam.
                           Jorney into Mistery # 83 - Donald Blake não pode correr em virtude de sua deficiencia física.

Outra coisa importante trazida já na primeira história do "Trovejante" foi a busca por exxplicações cintíficas para a capacidade de voo que os personagens uniformizados tem: O Tocha Humana devido ao fogo ser mais leve que o ar, o Hulk salta não voa, o Thor lança o Martelo e agarra na alça. Thor também inaugura as mudanças de rumo das histórias baseado nos apelos dos leitores: ele começa a falar como um norte-americano e só passa a falar "empolado" a partir das críticas, por carta, de parte dos leitores. Posteriormente, outras mudanças serão feitas graças a essa "pressão" dos fãs, como a inserção de outros elementos mitológicos.
                                                     Jorney into Mistery #83 - explicações que serviram por algum tempo.

Só em sua segunda aparição é que vamos ver as características marcantes da Era Marvel dos quadrinhos: a vida cotidiana, os dilemas e até a visão política da época. Em Jorney into Mistery #84 existem algumas referências a situação política global do momento, personificados na figura do vilão "Executor" e os conflito políticos em um país fictício latino-americano San Diablo, onde uma Revolução estava em processo. Uma clara alusão aos incidentes na ilha de Cuba (Crise dos Mísseis no mesmo ano).

Journey into Mistery #84 - Donald Blake trabalha efetivamente, tem atração pela enfermeira e discute temas políticos.
Como podemos ver na imagem acima, o Doutor Blake se põe como voluntário pra trabalhar em San Diablo, juntamente com outros médicos, coisa muito comum na época e fomentada pelo governo Kennedy, enviar missões médicas, comerciais e também religiosa. Assim com a história toda remete a visão Norteamericana dos conflitos na América Latina bem como a própria Revolução Cubana acontecida três anos antes. 
No combate com as forças do Vilão, vemos os simbolos comunistas estampados nos seus aviões de Guerra, destruídos pelo Deus do Trovão. Assim como a aparência do vilão e sua fama de "mandar pro paredão" remetendo a Ernesto "Che" Guevara e outro a Fidel Castro. Assim como se percebe a brutalidade latina diante do belo e delicado, na figura da enfermeira Jane Foster.

Journey into Mistery #84 - O vilão "Executor", homenagem a "Che" Guevara e seu subalterno, semelhança com Fidel...
Se percebe claramente que a postura da Marvel em suas primeiras era alinhada ao pensamento político dominante na época, separando os "bons" dos "maus" baseados em sua posição ideológica, coisa que mudaria a partir de 1968 e onde a própria editora capitanearia essa mudanças. 



Nenhum comentário:

Postar um comentário