terça-feira, 30 de outubro de 2012

Os Primórdios da Marvel Comics



Crônicas de um Marvete Marvado

Um Hulk em constante Mutação.
Depois de surgir dentro de um contexto de testes nucleares e apresentar o Gigante Esmeralda e o inicio de sua mitologia, as constates mudanças (que não deixa de ser uma característica do personagem) em pouco tempo foram tornando as histórias do "Verdão" monótonas e até absurdas. Lembrando que já no segundo número de sua HQ ele enfrentou uma invasão alienígena dos Homem-Sapo (haja paciência!). Mas as bizarrices no seu primeiro Volume estavam apenas começando.
No número quatro de sua revista de Novembro de 1962, mais uma mudança foi processada: a criação de um canhão de raios Gama para efetuar um controle nas transformações e sobrepor a personalidade de Banner sobre seu alter-ego. O uso do "thunder-clap" se faz presente, porém nessa edição é só o que se aproveita.

       Incrivel Hulk #4 - Criação do Canhão de Raios Gama e o uso do "Thunder-clap".

As bizarrices se iniciam com uma falsa invasão alienígena, que na verdade era uma inserção comunista. Um Gigantesco adversário que na verdade era um espião! Valha-me Deus! A sorte dos leitores é que logo o "sofrimento" acabou.
                                                 Incrivel Hulk #4 - bizarrice de uma história dispensável.
Porém em Incrível Hulk #5 as coisas não melhoram. Apesar de ser a primeira aparição de Tyrannus a histórias é muito fraca e conta com algumas soluções dispensáveis, como por exemplo o esconderijo subterrâneo (que milagrosamente tem céu!), ou a ida do Gigante esmeralda (transformado dentro de um avião) ao extremo oriente pra enfrentar as Hordas do General Fang ou o Hulk disfarçado de "abominável homem das neves", só por amor a História dos quadrinhos, mesmo.

                                                 Incrivel Hulk #5 - Capa com a primeira aparição de Tyrannus.


                                         Incrivel Hulk #5 - Hulk viaja de avião e se disfarça de "Homem das Neves".

Fica aqui o registro de que nem tudo era "aproveitável", principalmente no que concerne as primeiras histórias do Verdão. Pra nossa sorte eles seria melhor lapidado a frente se tornando um dos personagens mais importantes do Universo Marvel.

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quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Os Primórdios da Marvel Comics


Crônicas de um marvete Marvado

Um Tocha-humana "Diferente"

Seguindo uma estratégia de marketing para alavancar as vendas de seus outros títulos a Marvel passou a publicar histórias solo do personagem que era 'Moda" na época o Tocha-humana, que passou a figurar nas páginas de Strange Tales, tendo sua estréia no número #101 em Setembro de 1962. Em uma estratégia que começou com Homem-aranha em Amazing Fantasy, se estendeu com Thor nas páginas de Journey into Mistery e que depois teria continuidade com Homem de Ferro e Capitão América em Tales of Suspense, Homem-formiga (posteriormente Gigante), Hulk e Namor em Tales to Atonish, tornando-se essas hqs uma tremenda salada de frutas que passo a passo se tornaram revistas exclusivas de Super-heróis e/ou trocando de nome, pelo dos heróis que capitaneavam esses títulos.

                                            Strange Tales #101 - estréia das histórias solo do Tocha-humana.
 
Desde Setembro de 1962 as revistas deixaram de ser bimestrais e passaram a ser mensais, nesse instante as hqs de mistério e ficção precisavam muito de material, e os super-heróis foram a solução. Interessante ressaltar que a escolha do personagem passa também pelas cartas dos leitores que pediam por histórias individuais do "adolescente" Tocha-humana. Algo que já comentei aqui: a influência dos leitores sobre os rumos das histórias e as escolhas começava a ser uma constante. Além disso, a sensação de continuidade é  cada vez maior  e vai se acentuando progressivamente dando a impressão que os encontros dos Super-heróis pode se dar a qualquer instante.
 
            Strange Tales #102 - No cimena as notícias do que aconteceu na edição anterior e primeira aparição do Mago.
 
As histórias do Tocha sozinho acentuava algumas características do personagem como sua autoconfiança juvenil, porém em alguns aspectos não parecia ser o mesmo personagem do Quarteto, pois em grupo ele não esconde sua identidade como nas "Strange Tales". Essas três primeiras Hqs não acrescentam nada a cronologia, servindo mesmo apenas para "vender revista"... Os roteiros são fracos (Lee & Lieber), por exemplo no número 103 da Strange Tales o Tocha-humana vai parar em outra dimensão! porém a  arte (Kirby & Ayers) é apurada e faz valer a re-leitura.
 
                         Strange Tales #103 -  De novembro de 1962, o Tocha vai parar em outra dimensão.
 
Fica aqui o Registro dessas três Hqs de 1962. que fazem parte da história da Era Marvel dos Quadrinhos.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Os Primórdios da Marvel Comics



Crônicas de um marvete Marvado

O Cientista que virou Herói

A extrema necessidade de ampliar o seu Panteão de Superseres fez com que Stan Lee em Tales to Astonish #35 de Setembro de 1962, nos presenteasse com um herói diferente: O Homem-formiga! (na carona do sucesso de Homem-aranha) na verdade o curioso herói já havia aparecido anteriormente em uma história mais de suspense e ficção  na edição número 27 de janeiro de 62, da mesma revista, onde o Cietista Hank Pym cria a fórmula de encolher o tamanho de coisas vivas e inanimadas, porém o que era pra ser única aparição, como a maioria dos contos desse título, ganhou alguns meses depois um re-aproveitamento.

               Tales To Astonish #27 - a primeira aparição de Hank Pym e a criação do líquido "encolhedor".

As primeiras histórias do Super-herói seguiram uma tendência mais voltada ao combate a espionagem comunista, ou seja, inserido no contexto de "Guerra Fria" dessa época. Os elementos principais da mitologia do herói foram sendo, aos poucos, incrementados.

       Tales to Astonish #35 - (Re)surge o Homem-formiga. Combate a espionagem foi o mote de suas primeiras aparições.


        Tales to Astonish #35 - é introduzido a capacidade de se comunicar com as formigas através de seu capacete.

As primeiras histórias do personagem acabam por ser repetitivas e com finais 'clichês" ou absurdos, porém na Tales to Astonish vemos a inserção no Universo Marvel do Vilão "Cabeça-de-Ovo" que se tornaria um personagem que voltaria a frequentar as páginas das hqs por muito tempo. Outro dado importante é a concretização do que eu já havia mencionado , anteriormente aqui nessa coluna: os Super-heróis passaram a ser o carro-chefe dos principais títulos da Editora e o Homem-formiga se tornou a principal atração, nesse momento (posteriormente Hulk e Namor também) da Tales to Astonish.
         Em Tales to Astonish #36 Henry Pym torna seu dispositivo de líquido para gasoso , facilitando suas transformações.


                                         Tales to Astonish # 38 - A primeira aparição do abeça-de-Ovo.

O ano de 1962 se encerra com a criação de um grande número de Super-heróis e a adição de vários elementos que viriam a enriquecer a Era Marvel dos quadrinhos que se anunciava. 

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Os Primórdios da Marvel Comics


Crônicas de um marvete Marvado

O Leitor na Pele do Herói  

Muitas discussões geram o personagem Homem-Aranha, seja pela "paternidade" do personagem, pela fonte inspiradora e até mesmo sobre os créditos dos roteiros nas revistas do super-herói. O que se pode afirmar é que polêmicas a parte a "cara" da Era Marvel dos quadrinhos é o "Amigão da Vizinhança". O personagem deu a tônica desse período apresentando um modelo de história diferenciado desde seu princípio em Amazing Fantasy #15 de agosto de 1962, quando da sua origem até o final dele com a "Morte da Gwen Stacy" que marca o fim da Era de Prata e inicia a Era de Bronze dos quadrinhos.

                         Amazing Fantasy #15 - Surge a "cara" da Marvel e de seu jeito 'diferente" de fazer quadrinhos.

Reza a lenda que o personagem só teve a chance de ser publicada graças a dois fatores: ao cancelamento próximo da revista em que ia ser publicado o material e ao atraso de Goodman para uma partida de golfe, fazendo ele aceitar pra tirar o insistente Stan Lee do seu pé. 
Entrando um pouco no campo das polêmicas até hoje se discute quais foram as inspirações para a criação do personagem. Segundo Lee a sua inspiração seria um herói dos pulps "the spider" um homem sem poderes que combatia o crime, segundo Kirby seria baseado em uma criação dele e de Joe Simon o "Silver Spider", que pela imagem abaixo guarda algumas semelhanças com o nosso "cabeça de teia", porém quando Lee pediu pra o "Rei" um esboço de uniforme ele fez ele musculosos e portando uma pistola de teias (!?!), passando a missão (ainda bem) para Steve Ditko desenhar ele de forma mais "humana", e que posteriormente também alegou "paternidade" do herói.

        O "Silver Spider" personagem obscuro de Kirby e Simon ao qual Kirby afirmava ser baseado o Homem-Aranha. 

A Grande verdade é que principais elementos desse momento único dos quadrinhos nos foi dado pelo Aracnídeo: Heróis com falhas, assolados por problemas do cotidiano e que interagem com o mundo concreto de forma mais efetiva, com um "plus" a mais, a identificação do leitor com o personagem. Peter é um Nerd, orfão e vítima de bullyng! Ademais em ganhar os poderes de uma aranha radioativa (elemento muito presente no imaginário da época) ele mostra um lado vaidoso e egoísta que culminam na perda de um ente querido, tornando ele alguém atormentado pela culpa. Com o tempo o aperto financeiro, problemas de relacionamento e uma galeria de vilões nunca antes vista vão tornar o Herói o mais conhecido entre todos.

      Amazing Fantasy #15 - Bullyng na escola e problema com o sexo oposto aproximando o personagem de seu público.

                         Amazing Fantasy #15 - Um dos finais mais emocionantes da História dos quadrinhos!

Amazing Fantasy teve seu auge nessa última edição graças ao Homem-Aranha, que viria a ganhar um título próprio em Março de 1963 e iniciar uma jornada que hoje chega a mais de 50 anos.


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Os Primórdios da Marvel Comics



Crônicas de um marvete Marvado

Um Deus em Evolução

Como pude perceber através dessa pesquisa é que a Marvel foi criando, paulatinamente, diversas camadas, calcadas nos detalhes necessários pra se tornar um "Universo" coeso. O Quarteto Fantástico deu a tônica das aventuras espaciais ou subterrâneas. O Aranha nos mostrou o mundo urbano e os conflitos existenciais. O Hulk, infelizmente não fixou em apenas um nicho, porém estava lá os elementos militares que depois se tornariam sua tônica. Thor, aos poucos, foi ocupando a "camada" mitológica.
Em Journey into Mistery #85 de Setembro de 1962, os primeiros elementos que tornaria o personagem que ocuparia essa "área" mitológica seriam apresentados, a começar por uma breve aparição de Asgard e de Heimdall e a Bifrost já em sua segunda página. Parece que Stan Lee e Jack Kirby queriam inserir o leitor aos poucos nesse universo fantástico e exploravam muito pouco esse campo.
                         Journey into Mistery #85 apresenta rapidamente a Asgard a "fortaleza" dos deuses nórdicos... 

Em Journey into Mistery #85 - Asgard, Heimdall e a Bifrost são apresentados rapidamente ao leitor, assim como Loky o deus da trapaça. A história também nos põe uma grande dúvida, por que Thor não se lembra de Loky?como Thor veio parar na Terra? Essa indefinição viraria uma "novela" digna do horário nobre da rede Globo, onde a pressão dos leitores fizeram, anos depois (1968, para se mais exato) contar a origem definitiva do herói. 


                                 Thor não se lembra de Loky? resposta definitiva que virá somente em 1968.


                                                     enquanto hipnotizado é definida a relação martelo e Odin.

No final dessa história Thor envia Loky pra Asgard e rapidamente aparecem outros Asgardianos. é curioso que durante toda a hq não se mencionou o fato de serem irmãos e nem qual crime o vilão cometeu pra estar preso.
                                                            Loky derrotado e enviado pra casa...

Nas edição seguinte o Thor já aparece ajudando os militares e voltam a surgir  detalhes do contexto ao qual estava os EUA inserido: Thor ajudando nos testes dos militares o deserto e a valorização da Bomba Nuclear, mostrada na história com o interesse de um Vilão do futuro que deseja a arma. Usando esse mote, Thor começa a mostrar a tendência a falar mais empolado, o que não é uma constante, mas que com o tempo se acentuará. Além disso o personagem volta apresentar mais algumas possilbilidades de seu contato com Odin, "pai de todos".
                                            Journey into Mistery # 86 - Thor ajudando os militares
                                        Journey into Mistery #86 - Thor clama por ajuda a Odin.
A camada de Mitologia Nórdica viria aos poucos se revelando, tornando as histórias (pelo menos as que não envolviam comunistas e invasões alienígenas) interessantes e cada vez mais atraentes, graças a sensação de continuidade e novidades que passavam a mostrar e principalmente o "descobrimento" (de destapar ou tirar o manto que cobria) dessa fantástica camada do Universo Marvel.